segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Voto de Castidade

Já cheguei à quase uma semana, mas confesso-me ainda um pouco Romeno.

A experiência foi tão forte, tão cansativa, tão intensa, tão… que me custa a acordar.

(In)Felizmente a familiariedade vai-se apoderando de mim aos poucos e já consigo passar muito tempo sem pensar nos que lá conheci.

Hoje foi o dia do referendo e fiquei contente com o resultado. Senti-me bem ao entrar na escolinha, passear pelo pequeno jardim onde estão as tartarugas grandes abandonadas pelos pais dos alunos que não têm coragem de dizer não, pelo lago dos patos diferentes, pelo átrio dos porquinhos da índia recheados de pão e bolachas Maria. O cheiro a castanha assada, a maca dos bombeiros com moedas de cêntimo a imitar esmolas e os bolos “caseiros” embrulhados em papel celofane foram os parasitas desta multidão.

De vez em quando sabe bem ver uma multidão, fazer-lhe festas, sentir-lhe o pelo macio, escutar como ronrona.

Esta era engraçada. Muito colorida, como o são quase todas, cheirava a perfumes e estava muito bem penteadinha. Por vezes conseguíamos vislumbrar uns chapéus muito elegantes, com abas largas e fitas de feltro, que sobressaíam de cordões e penduricalhos dourados. Muitos tecidos a condizer e expressões graves nos rostos. Esta não se babava para cima de nós com líquidos pegajosos nem com suores quentes. Era uma multidão pacífica. Fina. Distinta.

Pelo menos enquanto me deixou afagá-la.

Esta está, certamente, habituada a fazer as suas porcarias em Espanha, Londres ou Holanda. Por isso hoje está calma e tranquila.

Da última vez, quando estava em causa um presidente que lhe poria a mão nos bolsos (em vez da mão no útero) ela não estava assim. Não estava "não".

Ah pois sim!

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