segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Uma pérola

Encontrada no fundo do mar

Para escutar durante a noite mais longa…



Vive la fête
Noir Desir

sábado, 22 de dezembro de 2007

Postais

É, regra geral, uma seca a quantidade de postais de Natal que recebemos nesta altura. Uns vêm do banco, outros das seguradoras, até o meu contabilista me enviou um (obrigado Nuno).

Imensos vêem pela net. Os piores são aqueles que são enviados através de sites, os quais podem ser personalizados mas ficamos automaticamente anexados à base de dados da empresa que não pára de nos chatear com newsletters de actualizações permanentes e prioritárias.

Após uns quantos cliques cheguei a alguns deliciosos. São de um caricaturista Argentino radicado em Espanha. Em Espanha, não. Na Galiza!

Chama-se Omar Perez e segue a mais bela tradição de Quino.

Eu enviei-os para quem mais gostava!


Referência às alterações climáticas e à urgência do protocolo de Quioto


Sobre os conflitos no Médio Oriente

Deliciosos, não?

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Surpresa!

Num dos devaneios de Natal, aconteceu a brilhante ideia de presentear alguns casais amigos com produtos de um armazém asiático recentemente descoberto pela M.

Mesmo com a responsabilidade acrescida pelo tamanho da barriga, lá veio carregada de caril, arroz, picante, pão “papad”, esparguete de arroz, cogumelos secos e muitos molhos de soja misturados com os seus irrequietos rebentos.

Quando embrulhámos todos os ingredientes nos seus respectivos recipientes, sobrou um pequeno bolinho, espécie de bolacha envolvido num papel de cor dourado brilhante.

Surpresa! Era um bolinho da sorte!

E eu que sempre desejei saber como eram, ao que sabiam, qual a sua textura… tantos casais concluíram as suas refeições em Chinatowns de cartão com um bolinho da sorte, antes de se beijarem apaixonadamente para as câmaras montadas em Hollywood.

Yupppi, finalmente vou ver como são!


São rijos e sabem a bolacha maria, mas um pouco mais doces. Lá dentro vinha o famoso papel vegetal (tal como o dos bombons italianos) com a frase da minha fortuna.

“The spirit is like a parachute, which is useful only when it is open.”

Gostei, e deu-me que pensar…

Afinal foram duas as surpresas de Natal!

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

GRILOS

Foi no longínquo ano de 1906 que ambos nasceram.

Conheceram-se na aldeia onde sempre viveram e onde hoje estão sepultados.

O primeiro nasceu em Março, mais precisamente no dia 7. Chamaram-no de António e herdou apenas o nome do pai. Silva. Para se distinguir dos outros 3 Antónios da Silva que viviam em Vinhó, Freguesia de Vila Cova, Conselho de Arganil, foi necessário acrescentar nos correios o seu alcunho entre parêntesis. Passou a ser o António da Silva (Grilo). Os outros não fugiram à maldição. Um ficou (Pinheiro) e outro (Majerico).

Dois meses menos um dia depois nasceu a Palmira. Ela teve direito a mais nomes e ficou do Carmo Lopes.

Estive presente nas suas bodas de ouro, na pequena capela de Vinhó, juntamente com os seus doze filhos e trinta e dois netos. Não consegui contar os bisnetos. Agora são mais. Muitos mais…

Consta da boca dos antigos que, durante a segunda guerra mundial, tempos da fome e do racionamento, as poucas sacas de farinha que chegavam à aldeia iam em primeiro lugar para os grilos, tal era a necessidade de alimentar as bocas que iam surgindo.

A dificuldade não foi só em relação à alimentação. Também foi difícil escolher nomes para tantos filhos: Benvinda, Silvéria, Victor, Nautílio, Jorge, Diamantino, Daniel, João, Odete, Ester, Elisabete e Margarida. Distam 20 anos do primeiro ao último. O meu pai foi o oitavo, mas ficou no meio em termos de tempo. Tem menos dez anos que a Benvida e mais dez do que a Guida.

Ao que parece faziam as delícias das comissões de festas da altura. Quando chegavam enchiam os bailes e tanto rapazes como raparigas das várias aldeias que visitavam tinham par para dançar.

António da Silva (Grilo) ficou conhecido pelos bois. Na falta dos tractores, eram os homens dos bois que corriam as terras, sulcando-as para as sementeiras. O meu avô foi um desses. Mais tarde, quando as pernas já davam de si e as máquinas venceram a guerra aos animais, dedicou-se às cestas. Primeiro de madeira e depois de tiras de plástico. Coloridas e duras, que arranhavam as mãos e picavam. Ainda tenho uma das últimas que entretanto passei à L. Sempre preferi as de madeira, que ele cuidadosamente trabalhava na “loja” que dantes era dos porcos. Rasgava longas tiras de um pedaço de nogueira, e entrançava-as até formarem o suporte dos peixes que peixeiras levavam à cabeça ou de batatas que mães transportavam debaixo das axilas. Adorava passear por entre as aparas que alcatifavam o chão frio e se colavam às calças de bombazina.

Bebeu até não poder mais e os seus últimos desejos foram cumpridos na visita à feira dos bois, onde opinava sobre a qualidade dos bichos com uma voz consumida pelos copos que entretanto bebia com os amigos.

A minha avó pouco mais fazia do que cuidar das doze crianças, dar comida ao gado, cuidar do campo, lavar e cozer roupa, cozinhar, debulhar feijão, plantar batatas, espalhar estrume, colher couves, cozinhar o mais belo guisado de galinha com esparguete que comi até hoje.

A casa deles tinha buracos em todas as portas. Eram buracos em forma de “U” invertido. Trocavam calor por companhia. Era agradável sentarmo-nos à lareira, com os joelhos a coçarem as panelas de ferro com sopa sempre feita e água sempre quente, e os pés a serem sacudidos pelos gatos. A casa de banho era um buraco que dava para a “loja dos bois”, onde o nosso estrume se juntava ao deles.

Apesar de nem todos os filhos terem estado presentes, nem tão pouco todos os netos, alguns estiveram comigo este fim-de-semana. Sempre fomos unidos e gostámos uns dos outros. Ainda estamos todos vivos, o que de si é surpreendente. Mas o mais surpreendente foram aqueles que, não sendo grilos de sangue, são-no de direito. Casaram connosco e connosco tiveram filhos. Este fim-de-semana, eles juntaram-se e gritaram bem alto que eram grilos.

E, uma vez mais, a liga da noiva ficou na mão dos grilos.


Páscoa de 1964

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Está quase...

Pois é…

E agora… quando telefonar para casa dos meus pais, quem irá atender?

Passarei a ter de telefonar também para casa dela?

Como irão ser os almoços de fim de semana?

Engraçado como o problema reside em mim e não nela. Sou eu é que não a terei do outro lado do telefone. Sou eu é que terei de almoçar noutro local. Sou eu é que não a terei só para mim (se é que alguma vez a tive).

Uma vez mais sinto que, ao contrário do que todos supomos, temos saudades do que vamos perder.

Tenho a certeza de que ela será feliz. Todos o somos, por breves instantes. E não creio que esteja relacionada a felicidade com o que consta na parte de traz do BI.

Este sábado disfarçarei as lágrimas com copos de vinho, cerveja, champanhe ou o que quer que seja!

Força, minha linda!

sábado, 1 de dezembro de 2007

Parabéns

Fizeste um ano e eu fiz mais um.

Um brinde a ti e outro a mim.

Que sejamos os dois muito felizes, que contemos muitos e que os outros o vejam.

Assopremos as velas, os dois ao mesmo tempo, e peçamos um desejo. Um desejo secreto que não se pode contar sob pena de não se realizar. Um desejo só nosso, inconfessável, insondável, discreto.

Como o de para o ano termos um bolo com velas e força para as soprar.