sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Tribuna Tertiaria

E foi então que o Xico me perguntou: “Tens o CAP?”

Tinha-lhe dado boleia, vindos de um Conselho Regional ou de qualquer coisa assim parecida, igualmente importante. O Xico é daqueles que não tem carta porque não quer. Figuras raras e, por isso mesmo, motivo de curiosidade. Não significa que não tenham razão. Apenas estão contra a corrente. Contra a “cultura dominante”. Desde que retomei a minha, agora predilecta, ocupação dos transportes públicos, venho a questionar-me sobre o que tenho perdido nestes últimos anos. Consequentemente, a curiosidade, aos poucos, transforma-se em admiração.

Eu respondi que sim. Nessa altura ele ainda era o Secretário dos Recursos Adultos do Núcleo Serra da Lua, e estava a liderar cursos de formação de dirigentes há um ou dois anos.

“Se calhar podias fazer parte da Equipa de formação do Núcleo. O que é que achas?”

Eu achei que sim.

Desde essa altura que me envolvo (por breves períodos, é certo) na formação de futuros dirigentes que, posteriormente, irão formar jovens.

O prazer aumentou consideravelmente, comparado com o sentido na transmissão de conhecimentos às outras audiências. Desta vez tratava-se de adultos e, realmente, com adultos é diferente.

A manipulação é mais honesta… mais sincera.

E, claro, há a contestação. Dá luta!

Apesar de ser o formador típico que não se gosta de comprometer (chega, dá a sua formação e ‘baza que se faz tarde’), o que é certo é que me dava um gozo que ainda não tinha experimentado. Estaria a descobrir o meu caminho?

Uma vez mais a tribuna, desta vez metamorfoseada em salas frias, refeições partilhadas e fardas esbarrigadas, me surge como um desígnio ao qual, parece, não consigo fugir.

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