segunda-feira, 4 de dezembro de 2006

TPC

Uma das coisas que sempre me fez confusão, foi o facto do João me dizer constantemente, e independentemente da hora a que lhe telefonava, que estava a trabalhar.

Eu nunca considerei os períodos que passava em casa em frente ao computador como trabalho. E, acreditem, sempre passei horas em frente ao computador.

Antes de mais deixem-me falar um pouco do João. Ele é um dos meus amigos mais antigos. Conheci-o no 10º ano, numa das escolas secundárias do Cacém. Depressa nos tornámos grandes companheiros de bebedeiras e experiências apreciadas pela adolescência. Enquanto eu estudava filosofia na Nova, ele preferiu a gestão das privadas. Hoje é uma espécie de director de recursos humanos de uma multinacional na área da construção civil (não sei se será director, mas o certo é que tem carro da empresa, cartões de gasolina e essas coisas que só se vêm nos filmes). Posso considerá-lo um dos meus melhores amigos, e tanto assim é que foi consensual a escolha dele para padrinho da minha filha.

Acontece que se vai casar para a semana e, como não poderia deixar de ser, lá irei eu fazer de conta que me divirto até começar a beber uns copos.

Mas, contava eu, mesmo quando lhe telefonava num domingo à noite e lhe perguntava o que estava a fazer, a resposta era invariavelmente a mesma: “Estou a trabalhar!” Se lhe telefonava sexta e lhe perguntava o que ia fazer no fim-de-semana que nascia, respondia: “Tenho de trabalhar!”

Então e eu? Eu também estava em frente ao PC!!! OK, estava apenas a preparar as aulas, a preparar um quadro de progresso para os Pioneiros ou a ultimar as contas do último acampamento. E, claro, isso para mim não era trabalho.

Ultimamente passei a responder da mesma forma sempre que me telefonam e eu estou em frente ao PC ou aí tenho de me sentar. O que é surpreendente é que nunca ninguém estranhou tal mudança de atitude.

Pelos vistos, quando chegamos aos 30 volta a ser normal termos TPC’s.

1 comentário:

Isabel Freire disse...

Felizofia é muito feliz!!!!