quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Planeta de Agostini

É o que acontece com quem não tem horários, férias, dias feriados nem fins de semana como os outros. O facto da nossa profissão (ou ausência dela) implicar uma acentuada discrepância com o ritmo sindicalista imposto nas sociedades modernas (sim, sindicalista - ou acham que os aristocratas, nobres ou patrões se importavam com a família dos outros? – e sim, sociedades modernas - porque as contemporâneas voltam-se a borrifar para essa coisa da família, da qual eu sou um exemplo acabado), faz-nos perder um pouco a noção dos ritmos sociais.

Sabemos que hoje é Sexta porque, ao sair de mais uma formação, bem perto da meia noite, o carros estão todos revestidos a néon, fazem um barulho enorme e, quando param, o batuque emanado engole o som do nosso próprio rádio, apesar de defendido por vidros violentamente fechados; Não acreditamos que temos lugar para estacionar em frente à câmara municipal até nos relembrarem que hoje é feriado; Recusamo-nos a, eternamente, almoçar com a família e os amigos porque temos aulas (sessões) para preparar, enquanto convidamos os colegas de desprofissão para almoçar em dias sem remuneração garantida (que, curiosamente, nunca calham ao fim de semana).

Os cursos começam a qualquer altura do mês e várias vezes por ano, há uns de manhã e outros à tarde. Muitos à noite. Entretanto interrompem e recomeçam mais tarde. Sim, porque há vários módulos e outros formadores para animar os formandos.

A semana sem mana transforma-se num ano sem amo, com planos e projectos a entregar, livros a ler, exercícios a realizar, sessões a animar, relatórios a efectuar, sumários a assinar, classificações a enviar e mails a responder. Ah, formandos a coordenar e entrevistas a marcar!

Assim, quando surgem os anúncios de televisão desta afamada editora é que me apercebo que o verão acabou e que todos voltam ao que julgam ter terminado.

É que, realmente, dá a sensação de recomeço. E, como recomeçamos, podemos, quem sabe, começar.

Este ano tive outra ajuda.



É que, senão, não sabia!

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