terça-feira, 16 de setembro de 2008

Hora do Tapete



É um dos poucos rituais a que ainda me obrigo.

O processo é sempre o mesmo: logo a seguir ao jantar, todos nos sentamos no chão. Nem sempre a Mãe chega a tempo. Outras vezes é o Pai que não está. Ela está lá sempre. Ansiosa… sorridente… escarrapachada, às vezes.

Pode durar cinco, quinze ou sessenta minutos. O tempo não importa, o que importa é o que se faz nesse espaço. E, nesse espaço tapete e nesse tempo hora, é ela que decide!

Quase sempre a sua imaginação flúi de acordo com os filmes que vai vendo marcados pelo ritmo da velocidade das transferências que o velhinho PC consegue a partir do seu embrionário cordão pomposamente denominado de ADSL.

Desde muito cedo o Banzé, Bambi e Branca de Neve foram suplantados pelo Rei Leão. Aconchegada com o papel de Simba, leva-me com ela para a Rocha do Orgulho a fim de emitirmos o Rugido dos Reis da Selva. Lutamos com o Scar e caçamos Gnus.

Ultimamente tenho tido muito trabalho. Acresce o facto de as coisas não andarem lá muito bem desde que nasceu o H. Não tenho tempo para nada, não consigo ler, pensar, escrever. A minha vida anda um corrupio e parece que não me consigo encontrar. Ando cansado, triste, esmorecido…

Alegra-me a cerveja que bebo ao jantar e um cigarro fumado quando encontro um amigo que não tenho vergonha de cravar. Nem as páginas de um livro me consolam, já que não tenho tempo de as afagar.

Ontem ela quis brincar à Barbie. “O quê?”
“Sim, papá. Eu sou a Barbie sereia e tu és a Barbie borboleta, pode ser?”

Mas… então e o morcego “ratinho” que lhe dei quando tinha dois anos? E o rato “rato” do IKEA? E a aranha “romena” que lhe trouxe da Roménia? Não serviram de nada?

Afinal, talvez não sejam assim tão poucos. Os rituais, claro.

PS. Juro que nunca fiz o download da “Barbie mariposa e as suas amigas fadas

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá rapaz!
Como eu te entendo relativamente à falta de tempo resultante da vinda de uma nova criança.
Mas temos que achar os pequenos momentos de presença com as mais velhinhas, podem ser mais curtos em tempo, mas necessariamante serão mais valiosos.
Obrigado pelo Colimil.
Abraço Mike.

Grilo Falante disse...

De nada, Mike. De nada...

Só é pena é estes momentos terem passado a ser cor de rosa.

Preferia as outras cores...