sexta-feira, 15 de junho de 2007

Mostra Gastronómica

Estávamos para ir à terra há uns meses. Os feriados não abundavam e, quando apareciam, já tínhamos que fazer.

A vida é assim. Queixamo-nos, mas o arrependimento não se acalma com as lamúrias.

Desta vez é que era. Vinha um feriado aí na nossa direcção e eu não tinha formação no Sábado. Adiei um curso para a segunda seguinte e estava tudo decidido!

Dia 7 lá arrancámos e partimos em direcção ao campo. As viagens para a terra fazem-me sempre sentir novamente um puto de 4 ou 5 anos. Imagino os meus amigos da terra, os quintais que defendia dos inimigos, os campos de milho transformados em savanas impenetráveis, a ribeira onde caçava girinos com 2 pernas.

Parámos na sede do Concelho para comprar mantimentos. Sim, porque na terra já há um LIDL! E foi com surpresa que vimos os anúncios a uma segunda feira gastronómica que iria ocorrer no local, precisamente no fim de semana em causa.


Apesar da minha insistência em realizar a viagem do rejuvenescimento umas 3 a 4 vezes ao ano, nunca tinha ouvido falar em tal coisa… mas o que me mais espantou não foi o ser o segundo evento desta espécie! O que mais me espantou é que um Concelho desertificado, com a pior rede viária do País, praticamente sem Indústrias (honra seja feita à Carriça), com uma população envelhecida, sem médicos e com um dos mais altos índices e percentagens de área ardida do País, aposte em eventos destes!!

Creio que o meu espanto também nada tem de original.

Muitos houve que se espantaram com o Mosteiro dos Jerónimos quando o povo morria à fome. Outros criticaram a edificação do Convento de Mafra em alturas de miséria.

Mas mostras gastronómicas? Festa das tasquinhas? Feiras de artesanato?

Como sendo o ponto alto do programa político de uma Câmara ou de uma região?

Eu continuo sem perceber o que é que esta classe política pensa do País, da sociedade ou do mundo, embora desconfie que a culpa é dos meus olhos e não da vista deles.

Eu lá fui jantar à Junta de Freguesia do Piódão, comer um bom Bacalhau à Lagareiro ensopado em broa de milho caseira, beber um vinho do Dão e uma bela aguardente de mel. Só isso me fez aguentar a Banda Filarmónica do Barril e o Rancho Folclórico de Celavisa.

O País pode estar a arder, mas se lhe derem circo…

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